Memórias ribeirinhas e hidrelétricas na Amazônia: o caso da barragem de Tucuruí
Palavras-chave:
Território ribeirinho, Memória coletiva, Hidrelétricas, Amazônia, ItupirangaResumo
Este artigo tem como objetivo evidenciar, por meio das memórias ribeirinhas, um conjunto de disputas territoriais com o consórcio hidrelétrico da usina de Tucuruí, ocorridas em meados da década de 1980, em um contexto de reexistência após a expropriação e reassentamento da comunidade Santa Terezinha do Tauiry para a periferia do núcleo urbano da cidade de Itupiranga, no Pará. As memórias refletem o período em que as famílias permaneceram no reassentamento e o retorno gradual ao território, destacando-se os ressentimentos com o consórcio por se sentirem enganadas, a saudade dos laços comunitários e de compadrio, a fome que muitos experimentaram devido à falta de recursos alimentares, o silenciamento de suas memórias e a perda forçada das relações comunitárias. Este estudo problematiza o contexto socioterritorial amazônico de disputas territoriais, evidenciando as desigualdades de forças entre as comunidades ribeirinhas e os grandes empreendimentos. Destaca-se, assim, a importância das memórias dos ribeirinhos, frequentemente marginalizadas, excluídas e silenciadas na narrativa regional, como fontes essenciais para a análise da produção territorial, a partir dos conteúdos imateriais nos estudos geográficos sobre o território.
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